quarta-feira, 27 de abril de 2011

Simples

Mergulhe nos dias nublados, nas cores apagadas, nos momentos perdidos.  Desligue-se dos olhares caídos, dos movimentos confusos, das palavras não ditas. Faça o mesmo com os problemas, com a vida sem graça, com as paixões não correspondidas e também com seus piores medos.  Esqueça aquilo tudo que te faz mal. Esvazie sua mente. Nada é tão bonito se você não estiver nas alturas. A liberdade sempre irá falar mais alto. Respire, liberte-se do corpo e sinta, apenas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ensejo


  Não posso entender como o tempo pode caminhar assim, levando tudo que pareceu por um minuto ser eterno.  Sobram apenas pensamentos que flutuam no vazio, é algo sem volta. Pensar no que aconteceu, parece algo irreal, como os sonhos que deixam essa incerteza ao acordarmos. 
  Ainda que sem respostas, meu coração não aceita esses flashes de vida, coisas que as pessoas costumam chamar de tempo. Dizem que esse tal tempo é o remédio das dores provocadas por paixões não correspondidas ou perdas irreversíveis. Algo me diz que isso é apenas mais uma desculpa, uma mentira pronta, daquelas que a gente conta a si mesmo para deixar as coisas não tão difíceis.
  Sinto vontade de fazer o mundo parar de girar, congelar as paisagens, tocar eternamente no céu. É difícil aceitar que isso é algo a ser conquistado a cada dia, pois cada vez que alcançamos a felicidade, isso novamente se torna mais um arquivo de memória, uma chave de coração, fumaça ao vento.
  Se ainda pudesse escolher, talvez preferisse a máquina do tempo, reviver cada coisa boa que está guardada dentro de mim. Se pudesse, seria como as fotografias que estão em minha mesa, que permanecem ali me esperando, para que eu as admire a cada vez que olhe.
  Acho que mesmo sem me conformar, de alguma maneira, acredito que essa é a forma certa das coisas acontecerem. O tempo passa, as coisas mudam e continuam seguindo. É uma grande história sem fim, povoada por personagens distintos e cheios de objetivos. Os personagens passam com o tempo, e o que fica é a certeza de uma história escrita aos ares.
  Não há explicação, as lembranças são apenas sonhos que já foram vividos. Isso é sempre o que resta, a única certeza de que nada foi irreal. 

Ana Paula Padilha