terça-feira, 12 de abril de 2011

Ensejo


  Não posso entender como o tempo pode caminhar assim, levando tudo que pareceu por um minuto ser eterno.  Sobram apenas pensamentos que flutuam no vazio, é algo sem volta. Pensar no que aconteceu, parece algo irreal, como os sonhos que deixam essa incerteza ao acordarmos. 
  Ainda que sem respostas, meu coração não aceita esses flashes de vida, coisas que as pessoas costumam chamar de tempo. Dizem que esse tal tempo é o remédio das dores provocadas por paixões não correspondidas ou perdas irreversíveis. Algo me diz que isso é apenas mais uma desculpa, uma mentira pronta, daquelas que a gente conta a si mesmo para deixar as coisas não tão difíceis.
  Sinto vontade de fazer o mundo parar de girar, congelar as paisagens, tocar eternamente no céu. É difícil aceitar que isso é algo a ser conquistado a cada dia, pois cada vez que alcançamos a felicidade, isso novamente se torna mais um arquivo de memória, uma chave de coração, fumaça ao vento.
  Se ainda pudesse escolher, talvez preferisse a máquina do tempo, reviver cada coisa boa que está guardada dentro de mim. Se pudesse, seria como as fotografias que estão em minha mesa, que permanecem ali me esperando, para que eu as admire a cada vez que olhe.
  Acho que mesmo sem me conformar, de alguma maneira, acredito que essa é a forma certa das coisas acontecerem. O tempo passa, as coisas mudam e continuam seguindo. É uma grande história sem fim, povoada por personagens distintos e cheios de objetivos. Os personagens passam com o tempo, e o que fica é a certeza de uma história escrita aos ares.
  Não há explicação, as lembranças são apenas sonhos que já foram vividos. Isso é sempre o que resta, a única certeza de que nada foi irreal. 

Ana Paula Padilha

2 comentários:

  1. Nossa que lindooo esse texto! Sério, muito bom e super verdade. O tempo ás vezes é amigo, mas ao mesmo tempo ele se torna inimigo! Já não sei mas se gosto dele, ou se odeio.
    Parabéns por mais esse texto e por me deixar mais uma vez de face. hahahaha
    :*

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  2. Muito interessante!

    Fiquei aqui analisando sobre a escolha de palavras do texto, pela temática negativa optou (penso que sem tanto propósito) por utilizar na maior parte das frases advérbios de negação, ou mesmo um adjetivo em sua forma negativa (como "nada foi irreal"). Muito legal essa perspectiva.

    Beijos, Ana!

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