terça-feira, 9 de agosto de 2011

Longe dos meus olhos, dentro da memória

   Olhei para aqueles olhos que eram audaciosamente mais azuis que o anil do céu e tive certeza de estar flutuando pela imensidade do paraíso. Corpo grande, mãos fortes. O tumulto na minha cabeça se formava por tentar inutilmente compreender a complexidade daquela imagem. Me perguntava a todo instante como podia ser bruscamente perspicaz e meramente doce, capaz de formar  um ser ausente de defeitos. 
  Um sorriso largo, tão mesmo tímido, me fez perceber o quão inexplicáveis são essas minhas dúvidas. Um olhar firme e vazio me fez querer ouvir sua voz. Frações de segundos foram suficientes para que sensações distintas corressem por debaixo de minha pele. Eu o vi ir embora, se afastando pouco a pouco, como se esperasse por um apelo. 
  Mesmo assim permaneci ali, ainda estática, alucinada. Espero por respostas, caminhos que me levem novamente em direção aquele olhar. Ainda que eu queira ansiosamente vê-lo, eu o sinto e de qualquer forma isso tem me consolado. Embora isso pareça loucura, minha sanidade permanece intacta e eu insistentemente ainda procuro em minhas lembranças pelo branco puro de seu rosto. Está tudo bem, ele ainda está aqui impregnado em minhas pupilas e preso em minha mente, enquanto o sempre durar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Simples

Mergulhe nos dias nublados, nas cores apagadas, nos momentos perdidos.  Desligue-se dos olhares caídos, dos movimentos confusos, das palavras não ditas. Faça o mesmo com os problemas, com a vida sem graça, com as paixões não correspondidas e também com seus piores medos.  Esqueça aquilo tudo que te faz mal. Esvazie sua mente. Nada é tão bonito se você não estiver nas alturas. A liberdade sempre irá falar mais alto. Respire, liberte-se do corpo e sinta, apenas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ensejo


  Não posso entender como o tempo pode caminhar assim, levando tudo que pareceu por um minuto ser eterno.  Sobram apenas pensamentos que flutuam no vazio, é algo sem volta. Pensar no que aconteceu, parece algo irreal, como os sonhos que deixam essa incerteza ao acordarmos. 
  Ainda que sem respostas, meu coração não aceita esses flashes de vida, coisas que as pessoas costumam chamar de tempo. Dizem que esse tal tempo é o remédio das dores provocadas por paixões não correspondidas ou perdas irreversíveis. Algo me diz que isso é apenas mais uma desculpa, uma mentira pronta, daquelas que a gente conta a si mesmo para deixar as coisas não tão difíceis.
  Sinto vontade de fazer o mundo parar de girar, congelar as paisagens, tocar eternamente no céu. É difícil aceitar que isso é algo a ser conquistado a cada dia, pois cada vez que alcançamos a felicidade, isso novamente se torna mais um arquivo de memória, uma chave de coração, fumaça ao vento.
  Se ainda pudesse escolher, talvez preferisse a máquina do tempo, reviver cada coisa boa que está guardada dentro de mim. Se pudesse, seria como as fotografias que estão em minha mesa, que permanecem ali me esperando, para que eu as admire a cada vez que olhe.
  Acho que mesmo sem me conformar, de alguma maneira, acredito que essa é a forma certa das coisas acontecerem. O tempo passa, as coisas mudam e continuam seguindo. É uma grande história sem fim, povoada por personagens distintos e cheios de objetivos. Os personagens passam com o tempo, e o que fica é a certeza de uma história escrita aos ares.
  Não há explicação, as lembranças são apenas sonhos que já foram vividos. Isso é sempre o que resta, a única certeza de que nada foi irreal. 

Ana Paula Padilha

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Coração fugaz;


A pequena história de um bobo inconsequente. 

Ele diz que ela é sua princesa e que ninguém pode superar isso. Faz com que ela se sinta como em um sonho. O jeito que a adula, faz aqueles olhos brilharem, mas ela teme o sofrimento.
Ele diz o quanto ela é importante e maravilhosa.
Coloca-a no topo e fixa os olhos nela.
Diz que é seu bebezinho, e isso é tão doce.
Ela tenta não se entregar, mas como resistir se já está apaixonada?
Decide arriscar. Ele a ama por dois dias e some pelo mundo.
Ela chora, chora, chora e tenta entender o porquê. Seus prantos causam delírios. Tenta mentir para si mesma que é apenas um longo pesadelo.
Ela precisa esquecer o homem que tomou conta da sua vida sem que ela mesma permitisse. São longos os dias em que ela não vive, sente apenas seu corpo existindo, pedindo que ele volte.
O tempo passa, ela fez outras coisas e supera – com muito custo – a perda de sua paixão.
Sem esperar, a surpresa está ali: ele volta, pedindo seu amor de novo.
Magoada, ela não pensa duas vezes e nega o sofrimento.
Sua boca pede os beijos dele, mas seu coração sabe o que fazer.
Ela precisa de muito mais do que ele pode oferecer. Isso é tão superficial.
Ela precisa de um coração e uma alma e não de um corpo sedento de paixão.
“Vá até o fundo garoto, chegue à beleza interior, abra sua mente e pense”.
Ao vê-la indo embora, sente seu coração pulsando acelerado. Dá-se conta do erro que cometeu, e angustiado, pensa no que fazer; no que falar. Mesmo assim, pensa que será fácil como da primeira vez, e quando toma coragem para enfim dizer o que sente, na certeza de tê-la novamente percebe que nesses segundos, sem pensar, ela se foi.
Agora é tarde. Ele chora, chora, chora...




                                                                                                                                   Ana Paula Padilha

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O conforto da luz branca.


Sol que briha e ilumina e traz consigo a esperança de um novo anoitecer. Desperta sorrisos adormecidos e alegrias escondidas.  Explode sensações e espalha mistérios.
O céu mais azul, o ar mais puro. Isso parece libertar meus anseios. As flores mais alegres, o vento ao meu favor, e o que antes era frio, agora está mais vivo. Diante dos meus olhos, a paisagem aparenta um valor inestimável. Penso, sinto, reflito, respiro e suspiro. A luz renova e me traz uma nova chance. E a vontade de querer recomeçar, me faz sentir tudo intensamente.  Ele vai embora, e fica a imensa saudade. Nesse caso, não há o que chorar. Só espero o dia terminar, e o sol aparecer novamente.


Ana Paula Padilha

domingo, 23 de janeiro de 2011

Respostas


Os dias que eu vivo. A vida que eu levo
Os sonhos que sonhei, e perdi.
A saudade que eu senti. O abraço que eu quis, e não tive.
Eu peço que me salve do meu próprio medo
Salve-me dos meus olhos, que esperam ansiosos por ele
Um beijo, um amor, uma palavra. É tudo que eu preciso, eu juro.
Mostre-me como você sente falta de mim 
Eu não quero ter apenas outro coração partido 
Então me diga se isso é verdadeiro ou falso
Enquanto você vive,
Eu espero por você dentro dos meus sonhos.